sábado, 22 de outubro de 2016

Criação de Filhos



Criação de Filhos

Nos dias de hoje a criação dos filhos tem sido negligenciada pelos pais, os quais transferem esta obrigação à escola, ou deixam seus filhos à mercê do ensinamento das ruas com os “coleguinhas de brincadeiras”. Como bem sabemos, as famílias tem sentido severamente com o resultado de filhos mal criados e rebeldes. E a sociedade como um todo, igualmente tem sentido seus resultados ao ver multiplicado o número de marginais e malfeitores.
Deus, em sua infinita Sabedoria definiu desde o início que os filhos são da responsabilidade dos seus pais. E estes devem criá-los no caminho do Senhor.
Antes de tudo devemos frisar o fato de que os filhos são bênçãos que recebemos de Deus (Sl 127:3). Há casais (ou pelo menos um dos cônjuges) que não desejam ter filhos. Isto é triste. Talvez por más lembranças, ou por medo de problemas futuros... Seja como for, o importante é não nos deixar guiar por traumas e más lembranças. Nossos temores e traumas não devem nos impedir de formar uma família com a presença de filhos.
Ora, se o casal não desejar ter muitos filhos, não há problema. Pois, apesar de entendermos que Deus dá a capacidade de o casal ter filhos, não estamos afirmando com isto que são obrigados a ter uma “multidão” de filhos. Diferente disto, o casal cristão deve ser bastante responsável para saber quantos filhos podem ter. O cristianismo não nos isenta de sermos sábios e prudentes quanto a estes assuntos. Não é porque você prega a virtude da fé, que agora vai ser irresponsável e jogar para Deus o dever de sustentar seus muitos filhos! É preciso haver um planejamento cuidadoso de nossa parte ("pesar nossas condições na balança"). “Não é vontade de Deus que você tenha um número de filhos além do que você tem condições de criar, educar e sustentar com dignidade.”[1] Entretanto, igualmente é verdade que não é bom deixar de ter filhos por falta de fé, ou por se deixar dominar pela ansiedade, egoísmo, ou medo.
Um ponto que deve ser afirmado é que nas Escrituras não há qualquer indício de proibição para fazer-se um planejamento familiar neste sentido. Deus não proíbe o planejar ter uma família bem estruturada de acordo com as condições do casal.
Esta questão do planejamento familiar deve ser bem discutida entre o casal, o qual, por fim, chegará a um acordo. Acordo este que deve estar fundamentado nos princípios das Escrituras e regado pela oração. Nesta hora de decidir a quantidade de filhos, não podemos nos deixar levar pelas emoções e sonhos que muitas vezes permeiam o coração (ex: “Há, eu sempre quis ter cinco filhos!”; ou aquele casal que depois de quatro homens tentam outra vez a fim de ter uma menina). Todo cuidado é pouco. Nossas emoções e vontades são fortes, não podemos nos deixar levar por eles. Caso contrário, podemos por fim, quebrar algum princípio da Palavra divina quanto a este assunto.
E já que estamos falando em planejamento familiar, falemos sobre os métodos anticoncepcionais. Geralmente a maioria dos casais não encerram a possibilidade de ter filhos logo depois de conseguir o primeiro! Sendo assim, antes de resolver ter mais filhos ou não, ou mesmo para controlar o tempo e a quantidade de filhos, entram em cena os anticoncepcionais.  Nas Escrituras não temos um método correto e outro errado. Todavia, lembremos que há métodos que são errados pelo fato de quebrarem algum princípio da Palavra de Deus (como é o caso da “pílula do dia seguinte”, a qual constitui um possível aborto). Neste caso é melhor não utilizar o método.
Uma outra questão a ser observada no planejamento familiar é a possibilidade de se adotar uma criança. Há casais que não podem ter filhos por motivos de impossibilidade física e por isto adotam; entretanto, há casais também que por própria deliberação vão por este caminho. Seja por qualquer dos dois motivos, a adoção continua sendo uma opção não somente boa como igualmente misericordiosa. Para que tudo ocorra bem, a conversa continua sendo indispensável entre o casal. Uma decisão como esta não deve ser tomada por um dos cônjuges somente, mas com a reflexão dos dois, visto que se trata de uma “vida que vai ser cuidada.” Isto requer disposição, amor, paciência, custos, sabedoria, etc.
Tendo em mente que é bom ter filhos, e que devemos fazer um planejamento familiar, chega agora a hora de falarmos em como criá-los. A Palavra de Deus não diz que nós somente devemos ter filhos e pronto... Acabou nossa obrigação diante dele! Na verdade ter filhos é somente o começo de uma longa jornada de serviço ao Senhor. Ter filhos implica consequentemente em criá-los. E sobre este aspecto Deus também nos orienta.
Logo de início precisamos compreender que a palavra criar utilizada no texto tem um significado amplo. Vejamos o comentário que o teólogo Augustus Nicodemus faz a este respeito:

A palavra criar usada por Paulo, tem o sentido primário de “alimentar” quando aplicada ao corpo; mas, quando aplicada à criança, significa desenvolver pelo cuidado e pelo esforço... A Bíblia não conhece uma criação de filhos limitada apenas à alimentação do corpo, mas a que traz consigo a idéia de nutrir, sustentar, prover, em todas as áreas, na área material, na área psicológica, na área intelectual e especialmente, no relacionamento com Deus.[2]

Só nesta palavra já temos muito que aprender. Criar um filho não é nada simples, é uma tarefa complexa e ampla em seus aspectos.
            Examinemos o texto de (Ef 6:4) em seus detalhes. O primeiro detalhe que, aliás, passa despercebido na nossa tradução em português, é o fato de que ao dizer “pais” aqui neste versículo, Paulo não está se referindo ao pai e a mãe. A palavra no grego é o plural da palavra “pai”. Portanto, estes mandamentos que ele ordena a seguir são primeiramente voltados aos homens. Lembremos que os pais são os cabeças do lar, e por isto cai sobre eles a maior responsabilidade. O dever de não provocar à ira, disciplinar, e admoestar são primeiramente uma obrigação dos pais (homens). Porém, não significa que as mães não têm nenhuma obrigação quanto ao que Paulo fala neste versículo. Afirmar isto é torcer a intenção de dar ênfase à responsabilidade dos homens que Paulo intencionou fazer.
Primeiramente, antes de falar da criação, Paulo ensina o que os pais devem evitar. Que no caso aqui é “provocar os filhos à ira”. A criação dos pais deve ser marcada pelo carinho, amor, respeito, compreensão, auxílio, e paciência. Lembremos que os filhos estão aprendendo conosco, e por isto não devemos irritá-los podendo causar “desânimo” (Cl 3:21). Mas como é que os pais podem irritar os seus filhos? Vejamos alguns modos pelos quais isto ocorre na prática:

Através de palavras: ordens injustas e irracionais; linguagem contundente e censurável; criticas freqüentes e públicas; expressões indiscretas e nervosas. E através de atos: preferir um filho mais que os outros; negar-lhes o necessário para a vida; negar-lhes a recreação apropriada e necessária; espancá-los de forma severa e cruel; usá-los de forma desumana; negar-lhes uma educação adequada; desperdiçar a herança deles; dá-los em casamentos impróprios e visando seu próprio proveito.[3]

            Os pais, então, devem procurar analisar sua vida a fim de observarem se por acaso não estão irritando seus filhos de alguma forma. Não é porque o pai tem autoridade sobre os filhos que poderão fazer o que bem entendem com estes.
            Continuando com as suas orientações Paulo completa o contraste. Antes havia dito o  que os pais não devem fazer com os filhos (uma ordem negativa). Agora, porém, lhes ordena as atitudes que deveriam praticar. Ele lhes diz: “criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”.
            O primeiro aspecto desta criação que Paulo ordena é a disciplina. Disciplina neste versículo tem a ver com a responsabilidade dos pais de ensinar limites. “A ‘disciplina’, portanto, pode ser descrita como educação por meio de regras e normas, recompensas e, se necessário for, castigos. Refere-se especialmente ao que se faz à criança.”[4] Vejamos o seguinte esclarecimento:

A palavra disciplinar (paideia) empregada por Paulo é usada no Novo Testamento no sentido de “treinar”... Discipliná-los não é descarregar sobre eles a nossa ira e frustração pelo que fizeram, mas corrigi-los com o fim de treiná-los. Qualquer disciplina que é feita sem este propósito não é disciplina, segundo a Palavra de Deus, mas é provocar os filhos a ira. Se vamos corrigir fisicamente o nosso filho, devemos fazê-lo com a consciência de que o estamos treinando, para que ele aprenda a diferença entre o certo e o errado – e tudo isto para o bem daquela criança. A disciplina pode ser feita verbalmente, mas o conceito envolve particularmente a correção física.[5]

            Ademais, a disciplina exercida pelos pais tem relação com Cristo. Veja que Paulo diz: “Disciplina do Senhor”. “Esta expressão significa a disciplina que vem do Senhor. Isto quer dizer que é o Senhor Jesus quem na verdade deseja disciplinar os nossos filhos – nós somos instrumentos dele.”[6] Os pais não devem disciplinar como bem entendem, conforme suas opiniões. A disciplina deve seguir os padrões da Palavra de Deus. A disciplina deve ter a aprovação de Cristo. Caso contrário, não é disciplina, mas castigo dos pais.
            Às vezes é questionado se nos dias atuais ainda cabe a correção física, já que a psicologia e a sociedade de modo geral são contra tais procedimentos de ensino. Quanto a isto, a Bíblia é clara (Pv 13:24; 22:15; 23:13, 14; 29:15). As Escrituras não somente é a favor da disciplina física, mas ela a ordena. Talvez surja na nossa mente moderna a seguinte dúvida: “Mas será que estes textos não estão falando somente que devemos castigar nossos filhos e não necessariamente castigá-los fisicamente?” Na verdade não é isto que os textos querem ensinar. Observemos a seguinte explicação do termo “vara” utilizado nas Escrituras:

[...] a vara, uma metáfora para castigo corporal, irá conter a agressividade, não removê-la. A forma como a vara é utilizada faz muita diferença... A vara fala sobre certo tipo de castigo físico. Deve ser usado quando necessário, mas com sabedoria e discrição. Faz parte da nutrição da criança [...]”[7]

            Devemos nos lembrar que Deus é Todo Sábio e Santo, não podemos duvidar de Suas ordens. Os nossos filhos precisam de disciplina. Não é uma questão de opção de nossa parte, mas de necessidade dos filhos:

Nós já enfatizamos antes que nossos filhos são concebidos e nascidos em pecado. Esta natureza pecaminosa se manifestará desde cedo e portanto nossos filhos desde pequenos necessitam de disciplina em forma de correção. A disciplina começa, primeiramente, reforçando o positivo, e se este não é aceito, deve-se corrigir. Isso pode ser feito com amor e com a aplicação persistente da verdade. Se a correção não é acatada, a  punição física poderá tornar-se necessária. Muitas pessoas chamam isso de abuso, mas não é. É um tipo de castigo. Este castigo pode ser aplicado de forma a retirar benefícios ou prazeres. Pode até ser que em algum momento pressão física deva ser aplicada. Lembre-se de que as Escrituras nos dizem que se não usarmos a vara podemos estragar a criança. Nós não estamos advogando o uso de varas nas crianças, mas a necessidade de punição corporal em algumas situações. Talvez um tapa no traseiro seja necessário para aguçar alguns ouvidos. Pode ser que a única maneira de fazer com que os ouvidos se tornem sensíveis, seja através do bumbum.[8]

Quanto ao modo de aplicar a disciplina, os motivos pelos quais os filhos devem  recebê-la, a constância, e tudo o mais que está envolvido a ela, deve ser discutido entre o casal. Contudo, lembremos que a responsabilidade maior cai sobre os homens. Portanto, a mulher deve acatar as orientações do esposo quanto a tudo isto. Não implica que ele tomará todas as decisões sozinho, mas sim, que a palavra final sobre os aspectos envolvidos na disciplina dos filhos cabe ao homem, cabeça do lar. Lembrando, contudo, que se por acaso diferir da esposa quanto a alguma disciplina aplicada a algum filho, ele não deve retirar tal disciplina para não “tirar a autoridade” da mãe. Deve entender-se com ela sobre o assunto para uma atitude diferente posteriormente. Porém, mesmo correndo o risco de agir diferente do pensamento do esposo (quando não souber da opinião dele em determinados casos) a mulher não deve deixar de aplicar a disciplina nos filhos quando necessário. Esperar que o pai dê a disciplina no filho posteriormente pode dá a entender ao filho que a mãe não tem autoridade para aplicar a disciplina nele.
Há pais que “se recusam a disciplinar os filhos. Isto constitui numa falha terrível! Não disciplinar o filho é entregá-lo à sua própria sorte diante de sua natureza pecaminosa, diante do mundo maligno, e diante das armadilhas de Satanás. É desobedecer explicitamente o mandamento do Senhor para a família.
Além do mais, é melhor “sofrer emocionalmente”, impondo limites e correções ao filho, do que esperar que ele sofra as consequências espirituais, sociais e emocionais de viver sem limites. Tenha em mente que um filho sem limites pode se tornar um grande malfeitor, e ao olhar para trás ele provavelmente não agradecerá à mãe e ao pai por não o ter disciplinado, mas há uma boa possibilidade dele odiá-los por causa da falta de regras que o levou a uma vida marginal. Contudo, nossa preocupação não deve ser “disciplinar o filho para evitar sua amargura contra nós no futuro”, mas disciplinar por que Deus ordena que seja assim.
Também é dever dos pais entender que alguns filhos necessitam de mais disciplina que outros. Os pais devem estar atentos para as diferenças de personalidade dos filhos a fim de não deixar que algum deles deixe de receber a disciplina que necessita.
Continuando com as suas orientações aos efésios Paulo fala sobre a admoestação aos filhos. Os filhos não devem somente ser corrigidos e disciplinados. Eles devem também ser ensinados. “Admoestação é educar eficazmente por meio da palavra falada, seja ela de ensino, de advertência ou de estímulo. Refere-se primariamente ao que se diz à criança.[9] Admoestar é um trabalho realizado com a mente da criança:

Admoestar também traz a idéia de corrigir, embora não necessariamente de forma física. É corrigir os pensamentos e idéias da criança... A idéia contida neste termo é que nós devemos, não apenas disciplinar fisicamente uma criança, mas conversar com ela e colocar as suas idéias em ordem. Admoestar a criança no Senhor significa mostrar-lhe pelo diálogo, instrução e encorajamento quais as implicações espirituais de suas atitudes, como as promessas e advertências de Deus se aplicam à sua vida.[10]

Existem pais que são “profissionais para disciplinar” os filhos, mas não lhes ensinam, nem lhes instruem nada. É um erro pensar que pela muita disciplina os filhos vão seguir uma vida moral correta. Devemos construir neles uma mente santificada na Palavra de Deus. As Escrituras nos dão orientações quanto a este dever (Dt 6:4-7; 11:18-20; Sl 78:1-8; Ef 6:1-4; 2Tm 3:15).
Um problema que surge muitas vezes quanto a esta ordem é que muitos pais não estão preparados para ensinar aos seus filhos. Eles mesmos não têm conhecimento bíblico, como poderão ensinar aos filhos o que eles não sabem? É preciso abrir os olhos quanto a esta questão. Pais que não se interessam em aprender as doutrinas bíblicas, que desprezam o conhecimento do Senhor, dificilmente cumprirão esta ordenança divina! Outro fator presente na questão é que muitos pais sabem criticar, reclamar, desanimar... Mas nunca dão um elogio ou uma palavra de incentivo aos seus filhos. Isto é cruel e contraproducente aos filhos. Não somente critique seu filho quando ele errar o caminho correto, elogie e incentive quando ele acertar o alvo estabelecido na Palavra de Deus. Ensinar não é somente repreender!
E não somente existem pais despreparados e não capacitados para ensinarem os filhos o caminho do Senhor, existem aqueles que não ensinam porque acham que esta é uma responsabilidade da Igreja. É como se dissessem: “Se eu tenho que ensinar estas coisas aos meus filhos, o que faz então a Igreja?” Todavia, é um absurdo colocar o dever que é dos pais, nas costas da Igreja. Esta serve como auxiliadora, e não como substituta: “[...] Os pais cristãos devem zelosamente guardar sua responsabilidade, delegando parte dela, de fato, para a igreja... mas nunca abrindo mão completamente dela. É sua tarefa, que Deus lhes deu; ninguém pode substituí-los de modo adequado ou completo.”[11] Ensinar os filhos é uma tarefa árdua e constante, os pais, porém, devem insistir neste serviço. Os filhos não aprendem da noite para o dia. Há filhos que necessitarão de mais persistência até que aprendam. Já outros filhos poderão aprender mais rapidamente. Isto tudo faz parte da complexidade da personalidade do ser humano. Contudo, Deus, o Pai, certamente nos ajudará nesta grande obra.
            A esta altura é mister falar do erro dos pais que muitas vezes olham e condenam a atitude dos filhos de outras pessoas, contudo não observam as más atitudes de seus próprios filhos! É preciso muita atenção, pois às vezes, por amarmos nossos filhos, terminamos por ser de certa forma “cegos” quanto aos erros que eles cometem. Temos "visão de águia" para ver o erro do filho de outro, mas somos míopes para ver o erro dos nossos filhos. Por conseguinte nos tornamos promotores dos filhos dos outros, e advogados dos nossos.
            A esta altura é cabível ainda falar de alguns aspectos da criação que envolvem a prática dos princípios acima estudados. Por exemplo, sabemos que devemos criar nossos filhos na disciplina e admoestação... Mas qual estilo de criação que terão para com eles? Alguns filhos são criados brincando na rua, outros só dentro de casa; uns são criados com muita etiqueta, outros com mais espontaneidade; Uns são ensinados a ajudar com o serviço dentro de casa, outros a somente estudarem... Estes são alguns assuntos dos quais o casal deve chegar a uma conclusão. Os pais devem atentar para o fato de que a responsabilidade da criação de filhos é grande, pois estão preparando cidadãos para a sociedade e para o reino de Deus.
            Seja qual for o modo de criação a que cheguem como conclusão, há algumas atitudes que precisam estar presentes sempre na criação dos pais em relação aos filhos: Atenção, Cuidado, Carinho, Amor, Paciência, investimento, Incentivo, Compreensão, Ensino, persistência e Disciplina. Estas atitudes seguirão os pais até que os filhos cheguem à idade adulta. E algumas destas atitudes são necessárias até mesmo quando adultos! A função de pai e mãe não tem aposentadoria!
            Outro aspecto da criação que deve ser abordado é o fato triste de alguns pais terem como alvo que os filhos alcancem o que eles não alcançaram (sejam cursos, bens materiais, status, etc). Querem que os filhos realizem os sonhos que eles não realizaram. Os filhos se tornam para eles como “uma segunda chance”. Isto é claro, não convém! Os filhos são pessoas, e não objetos. Eles têm direito a sua individualidade. Não nasceram para satisfazer os desejos dos pais, mas para serem homens e mulheres que honrem a Deus com seus dons e projetos pessoais. Impor aos filhos o que eles devem ou não devem fazer e conquistar, é podá-los em sua personalidade. Tenham seus sonhos, e deixem seus filhos terem os sonhos deles!
Além disto, há pais que querem que os filhos sejam exatamente como eles - “Suas cópias”. Ora, criamos filhos da melhor forma possível não para que sejam iguais a nós, mas para serem a melhor pessoa possível. Cada pessoa tem seu temperamento e personalidade. Não adianta querer forçar o filho a ser como nós. Mesmo por que, isto não é justo! Por que os filhos têm que ser iguais a nós? Somos por acaso perfeitos?! Ao invés de tentar fazer de seus filhos suas cópias, os pais devem se preocupar em não criar seus filhos cometendo os mesmos erros cometidos pelos seus pais. Abandonem os erros que vocês “herdaram” deles, e sejam diferentes na maneira de tratar seus filhos. Muitos no afã de verem seus filhos cópias de si mesmos, esquecem que estão sendo cópias de seus pais! E isto não para melhor do filho, mas muitas vezes para o pior deles.
            Ao criar os filhos os pais precisam colocar o objetivo de serem seus modelos de vida. Sua obra de disciplina e ensino estarão grandemente prejudicados se eles não condizem com aquilo que instruem com tanto empenho. Aos olhos dos filhos, este comportamento divergente soará como hipocrisia. Além do mais, mesmo para aqueles que não têm filhos, sua vida cristã já deve ser um modelo de vida. Portanto, para os pais, ser modelo de vida não é nenhuma obrigação a mais, ou alguma novidade!
            Reconhecemos que estas tarefas dos pais (disciplina e admoestação de filhos) são difíceis. É por isto que os pais devem buscar com empenho a sabedoria divina a fim de cumpri-las. A sabedoria os guiará ao melhor modo de aplicar estes mandamentos. Portanto, que busquem a sabedoria do alto através da oração (Tg 1:5) e da leitura da Palavra (Sl 19:7)!
            Para concluir nosso assunto sobre criação de filhos queremos enfatizar que alguns casais têm sido grandemente prejudicados em seu relacionamento conjugal depois do surgimento dos filhos. Digo isto em razão de que muitos casais, por não saberem lidar com a nova situação, terminam por deixar que os filhos ocupem um “lugar” na relação conjugal que não lhes é devido. “Os filhos são bênçãos que Deus concede ao casal. Eles devem ser criados com todo amor e preparados para a vida. Mas eles nunca podem tomar o lugar da esposa no coração do pai nem o lugar do esposo no coração da mãe.”[12] É necessário tomar algumas providências em relação a esta nova situação (que são os filhos) a fim de não haver uma barreira no crescimento mútuo do casal como havia antes.
A relação entre o esposo e a esposa deve ser prioridade, e não e relação entre pais e filhos. Vejamos algumas sugestões que ajudarão os pais em seus deveres para com os filhos, sem sacrificar simultaneamente o relacionamento do casal:

  1. Não adiar para o futuro o que pode ser feito hoje – Muitos casais que têm filhos pequenos ou adolescentes adiam, para quando os filhos estiverem grandes ou até casados, passeios, excursões... E quando chega esse momento, às vezes já estão velhos e doentes, e não podem fazer o que adiaram;
  2. Não confiar os filhos a pessoas erradas – Alguns casais, no afã de viver o presente, de não adiar para o futuro o que podem fazer agora, deixam os seus filhos aos cuidados de pessoas erradas;
  1. Não levar as crianças a passeios nos quais elas pouco aproveitam e muito atrapalham – As crianças só devem ser levadas a passeios ou viagens quando isso for absolutamente necessário;
  2. Estabelecer uma relação de troca de favores com casais que tenham filhos da mesma idade dos seus filhos – Devemos fazer amizade com um ou mais casais nessa situação, bem como levar os nossos filhos a serem amigos dos filhos deles, para que eles tomem conta de nossos filhos quando viajarmos; e nós por outro lado, tomaremos conta dos filhos deles quando eles viajarem.[13]

Cuidando do relacionamento do casal, estamos cuidando da criação dos filhos, visto que um casal bem estruturado forma a base para uma criação bem estruturada de filhos. Em contrapartida, um casal desajustado e prejudicado em seu relacionamento, sofrerá os danos não somente entre si, mas também com relação à criação de seus filhos.


[1] Josué Gonçalves. 104 Erros que um casal não pode cometer! São Paulo, Editora Mensagem Para Todos, 2004, p 163.
[2] Augustus Nicodemus Lopes e Minka Schalkwijk Lopes, A Bíblia e a sua Família. Exposições Bíblicas sobre o Casamento, Família e Filhos. São Paulo, Cultura Cristã, 2001, p 146.
[3] Augustus Nicodemus Lopes e Minka Schalkwijk Lopes, A Bíblia e a sua Família. Exposições Bíblicas sobre o Casamento, Família e Filhos. São Paulo, Cultura Cristã, 2001, p 141.
[4] William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento – Exposição de Efésios. São Paulo, CEP, 1992, p 326.
[5] Augustus Nicodemus Lopes e Minka Schalkwijk Lopes, A Bíblia e a sua Família. Exposições Bíblicas sobre o Casamento, Família e Filhos. São Paulo, Cultura Cristã, 2001, p 147.
[6] Augustus Nicodemus Lopes e Minka Schalkwijk Lopes, A Bíblia e a sua Família. Exposições Bíblicas sobre o Casamento, Família e Filhos. São Paulo, Cultura Cristã, 2001, p 149.
[7] Harriet e Gerard van Groningen, A Família da Aliança. São Paulo, Cultura Cristã, 2002, p 142, 143.
[8] Harriet e Gerard van Groningen, A Família da Aliança. São Paulo, Cultura Cristã, 2002, p 138.
[9] William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento – Exposição de Efésios. São Paulo, CEP, 1992, p 327.
[10] Augustus Nicodemus Lopes e Minka Schalkwijk Lopes, A Bíblia e a sua Família. Exposições Bíblicas sobre o Casamento, Família e Filhos. São Paulo, Cultura Cristã, 2001, p 150.
[11] John R. W. Stott, A Mensagem de Efésios. A Nova Sociedade de Deus. São Paulo, ABU, 1986,       p 187.
[12] Adão Carlos Nascimento, Oficina de Casamentos. Governador Valadares, Apoio Pastoral, 2001,      p 88, 89.
[13] Adão Carlos Nascimento, Oficina de Casamentos. Governador Valadares, Apoio Pastoral, 2001, p 90, 91.

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